Mensagem às Comunidades Católicas do Sub-Regional de Campinas



Mensagem às Comunidades Católicas do Sub-Regional de Campinas diante da Campanha da Fraternidade de 2025 - Fraternidade e Ecologia Integral


Queridos irmãos e irmãs em Cristo,


Diante das profundas transformações que o mundo enfrenta, especialmente os desafios provocados pelas mudanças climáticas, a Igreja Católica no Brasil, pela Campanha da Fraternidade de 2025, com o tema Fraternidade e Ecologia Integral, nos chama a refletir e agir como cuidadores da criação de Deus.

Estamos sentindo em nosso país as consequências das mudanças climáticas e, de modo especial, em toda a nossa região. Observamos a intensificação de períodos de secas e, por outro lado, o aumento da frequência de enchentes em nossas cidades e de ondas intensas de calor extremo. Estes fatores têm causado, e ainda poderão causar, a perda da biodiversidade e impactos diretos em nossas vidas, especialmente entre as pessoas em situações mais vulneráveis. E mais, para nossa região existem projeções alarmantes relacionadas às mudanças climáticas apresentadas pelos órgãos de pesquisa e institutos técnicos. Se não forem adotadas medidas adequadas de atenuação e mitigação, as mudanças climáticas terão consequências diretas e mais severas no cotidiano de nossas cidades. Caso sejam adotadas estratégias eficazes de gestão dos recursos hídricos, com a redução do desperdício e a promoção de práticas sustentáveis no consumo de água, sejam realizados investimentos em infraestrutura urbana que minimize os impactos das enchentes, como sistemas de drenagem adequados e áreas verdes, além da implementação políticas públicas voltadas à educação ambiental, ao fortalecimento da agricultura sustentável e à proteção da biodiversidade, podemos evitar cenários ainda mais críticos. Por outro lado, em um cenário pessimista, decorrente da falta de medidas efetivas de redução do aquecimento e de seus efeitos, se prevê para 2050 uma elevação de temperatura acima de 5ºC, com previsão de períodos de seca severa, fortes ondas de calor, que podem comprometer seriamente a saúde e tornar o abastecimento urbano e agrícola inviável em algumas áreas. Nas áreas rurais frequentes queimadas e a degradação do solo, comprometendo toda a produção regional e queda de produtividade, enquanto nas áreas e centros urbanos, devido à presença de chuvas concentradas em períodos curtos, previsão de grandes com enchentes e risco, sobretudo para a população mais vulnerável. A escassez de água poderá afetar gravemente a vida das pessoas, especialmente as mais vulneráveis, dificultando o acesso a esse recurso essencial. O aumento de temperaturas extremas pode provocar ondas de calor, impactando a saúde pública, com o aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares. As enchentes, cada vez mais frequentes devido ao mau planejamento urbano, à impermeabilização do solo e ao desmatamento, poderão causar danos materiais e desabrigar muitas famílias. Sem uma ação imediata, esses fenômenos naturais podem se intensificar e criar um cenário insustentável para as gerações futuras. Essas previsões e impactos já começam a ser sentidos em nossa região. Lembremos de que entre 2022 e 2024, a nossa região registrou um aumento de 35% nos períodos de estiagem prolongada, impactando diretamente o abastecimento hídrico de várias de nossas cidades. Simultaneamente, enchentes se tornaram mais comuns, afetando diversas cidades da região, afetando centenas de famílias, principalmente as mais vulneráveis, mostrando como os extremos climáticos já são realidade em nossa região. É nossa responsabilidade, como pessoas cristãs católicas, tomar consciência dessa situação e responder a esses desafios com fé, solidariedade e compromisso. A encíclica "Laudato Si’ ", do Papa Francisco, nos lembra que tudo está interligado: a crise ambiental é também uma crise social, pois a destruição da natureza afeta diretamente os mais pobres e excluídos, como agricultores familiares que sofrem com a escassez de água ou famílias que perdem suas casas em enchentes. O Papa Francisco também aponta que o consumismo desenfreado e a falta de cuidado com os recursos naturais agravam essas crises, tornando urgente uma mudança de mentalidade e de ações. A necessidade de cuidar da Terra é também cuidar de nossos irmãos e irmãs. Não podemos permanecer indiferentes quando a "Casa Comum" e nossos irmãos estão em perigo. Somos chamados a uma conversão ecológica e ao acolhimento, permitindo que toda a criação seja tratada como um presente de Deus e que cada um de nós exerça o papel de proteção. Diante dessa realidade, se faz necessário:     1. Reavaliar nossos valores e estilo de vida: o consumo exagerado e o desperdício agravam os problemas climáticos. É preciso uma mudança profunda nos nossos valores e na nossa sociedade, pois este padrão de produção e consumo cada vez maiores é insustentável, bem como o uso de combustíveis fósseis. Nesse contexto, pequenas mudanças em nossas escolhas diárias, como o uso consciente da água e a redução do desperdício de energia, podem aliviar a pressão sobre os recursos naturais, especialmente a água, que é um dom essencial de Deus, mas precisam ser acompanhadas de uma mudança de valores, sociais e econômicas profundas, buscando a construção de sociedades sustentáveis, nas quais se avance na qualidade de vida para todos e na não exploração do ser humano e da natureza.     2. Fortalecer nossas comunidades: em nossas paróquias, podemos criar projetos que promovam o acolhimento de família, o cuidado ambiental, como hortas comunitárias, reflorestamento de áreas degradadas e campanhas de educação ambiental. Que nossas celebrações litúrgicas sejam também momentos de oração e compromisso pelo planeta.     3. Ser uma Igreja em saída: busquemos parcerias com escolas, universidades e movimentos sociais para ampliar a conscientização e implementar ações concretas em favor da criação, como projetos educativos sobre o uso sustentável da água e a preservação do meio ambiente.     4. Cuidar dos mais vulneráveis: reconhecemos que os impactos climáticos afetam principalmente os mais pobres e excluídos. Que nossa solidariedade se expresse em gestos concretos de apoio, como campanhas de arrecadação para comunidades afetadas por desastres naturais e projetos que assegurem acesso à água potável e condições de vida dignas.     5. Apoiar e participar da construção e implementação de políticas públicas para sociedades sustentáveis, participando de espaços como conselhos municipais, comitês de bacia e outros espaços de participação, bem como elegendo representantes comprometidos com as questões socioambientais.     6. Dialogar com os poderes públicos pela implantação de programas de prevenção a danos: solicitemos dos governos municipais, estaduais e federais a implementação de políticas públicas eficazes, dentre outra (1) de saúde para garantir atendimentos médicos adequados para os afetados, especialmente para os mais vulneráveis, e prevenir surtos de doenças relacionadas às enchentes, como a leptospirose, (2) na infraestrutura, com investimento em drenagem e sistemas de contenção de enchentes, como o desassoreamento de córregos e a construção de soluções baseada na natureza, (3) de saneamento provendo o saneamento básico adequado para evitar a contaminação da água e o agravamento de doenças e (4) de oferta de atenção às famílias criando programas de acolhimento e reabilitação para famílias deslocadas por desastres naturais, com inclusive suporte psicológico. A mensagem que os sinais da Terra nos dão é clara: não há mais tempo a perder. É hora de nos unirmos como povo de Deus e trabalharmos pela preservação do futuro, criando espaços para que ele seja mais justo e solidário, onde cada pessoa e toda a criação sejam respeitadas e valorizadas. Que o Espírito Santo nos inspire e fortaleça nesta missão. Que, com Maria, Mãe da Criação, possamos cuidar da nossa "Casa Comum" com amor, fé e coragem. Em comunidade,
Equipe da Campanha da Fraternidade Pastoral da Ecologia Integral Sub-Regional de Campinas.

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Seguem dados e gráficos de Dra. Fernanda Santos Mota de Jesus - Curso de Formação da CF-2025 da Regional Sul 1, Itaici/SP.





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Comentários

  1. Gravíssima situação. Todo apoio à Campanha da Fraternidade, não apenas na Quaresma. Conscientização, participação. Disseminar Pastoral da Ecologia Integral por todas as Pastorais!

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